Pantanal, será que já o perdemos?

  • 07/09/2024
(Foto: Reprodução)
Frequência de incêndios e grave crise de 2024 podem ser últimos alertas para salvar a maior planície alagável do Planeta. Pantanal sofre mais uma vez com seca severa a incêndios devastadores Ueslei Marcelino/Reuters Uma declaração da Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, esta semana, teve uma grande repercussão: “Poderemos perder o Pantanal até o final do século”, foi a frase dita por ela durante uma das tantas entrevistas diante da grave situação das queimadas no Brasil. Ela sinaliza que, se as tendências atuais de degradação ambiental e mudanças climáticas não forem contidas, o bioma corre o risco de desaparecer. Mas o bioma conhecido internacionalmente como “a maior planície alagável do mundo” já dá sinais de que suas principais características estão diferentes. De acordo com dados do sistema MapBiomas, o ano de 2018 marcou a última grande cheia do Pantanal. Em comparação a 1988, primeira grande cheia da história desde o começo da medição por satélites em 1985, 2018 já foi 22% mais seco. Desde abril do ano passado, o bioma vem secando em função do déficit de precipitação, enfrentando uma seca extrema. Comparando com 1985, quando as áreas alagadas do Pantanal ocupavam 7 milhões de hectares, em 2023, essas áreas caíram para 3,5 milhões de hectares, uma diminuição de 50%. Evolução anual da cobertura e uso da terra do Pantanal MapBiomas O biólogo e diretor de comunicação da ONG SOS Pantanal Gustavo Figueirôa explica que diversas nascentes, fontes e matas ciliares, que são grandes produtoras de água para o bioma, foram devastadas ao longo de décadas, principalmente pela preocupação de monoculturas. Somado aos outros fatores desencadeados pela ação do homem, como as mudanças climáticas que intensificam as ondas de calor e a seca, e consequentemente os incêndios, o Pantanal está sendo destruído. “A destruição, a degradação do Planalto, do Cerrado, do Sul da Amazônia principalmente, a destruição de APPs né, várias propriedades não respeitam as áreas de proteção permanentes e córregos nascentes, esses corpos d'água não tem a proteção que deveriam ter e por isso eles não produzem mais água. Quem produz água é floresta de pé, então a gente precisa de Floresta de pé para produção de água, que é essa água que vai descer para o Pantanal e vai irrigar aquela planície” O biólogo também explica que daqui para frente a tendência é de que as cheias não durem tanto e sejam cada vez mais curtas e em uma menor área. A falta de água e o excesso de fogo estão destruindo e desconfigurando o que a gente conhece como Pantanal. Se as coisas continuarem caminhando nesse ritmo, até o final do século é muito provável que não exista mais o Pantanal como a gente conhece hoje, que ele já tenha se modificado para uma paisagem completamente diferente Seca extrema Desde 2020, o bioma sofre com grandes períodos de seca, o que tem aumentado à incidência de grandes incêndios. Esse declínio contínuo das cheias reflete as preocupações com a saúde ecológica do Pantanal, que passa pela maior estiagem dos últimos 74 anos, sendo o ano de 2024 categorizado como o mais seco da história do bioma. No centro-oeste, Pantanal ardeu em chamas nos últimos meses em consequência da seca e da ação humana. EPA Em 2024, não houve o esperado pico de cheia, e os incêndios começaram mais cedo do que o previsto. O mês de junho registou a maior área queimada (370 mil hectares) no bioma no primeiro semestre já observada pelo Monitor do Fogo. Além disso, a menor precipitação entre janeiro a maio deste ano, quando comparada aos anos anteriores desde a última grande cheia em 2018, indica um retorno de condições de seca extrema. Estas condições aumentam os riscos de incêndios no bioma, levando a impactos severos como perda de biodiversidade, degradação, destruição de habitats, redução da qualidade da água, e ameaças à saúde das comunidades locais por causa da fumaça e poluentes (Garcia et al., 2021). A crise hídrica e a alta frequência de incêndios destacam a vulnerabilidade do Pantanal. A alternância entre cheias, que promovem o crescimento da vegetação aquática, e secas, que transformam essa vegetação em combustível, aumenta o risco de incêndios em períodos de seca prolongada, intensificado por alterações climáticas e mudanças na cobertura da terra Queimadas e seca no Pantanal Arte/g1 “Isso tem um nome: baixa precipitação, alto processo de evapotranspiração, não conseguindo alcançar a cota de cheia, nem dos rios nem da planície alagada”, alerta a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. A cada ano se vai perdendo cobertura vegetal. Seja em função de desmatamento ou de queimadas. Você prejudica toda a bacia e assim, segundo eles [pesquisadores], até o final do século nós poderemos perder a maior planície alagada do planeta Ao longo das últimas quatro décadas, o Pantanal perdeu mais de 21% da sua superfície de água. Os eventos climáticos extremos estando cada vez mais frequentes e intensos e mais de 95% dos incêndios são causados pela ação humana, sejam elas intencionais ou não. Medidas Emergenciais Após as declarações da Ministra, o Ministério do Meio Ambiente concedeu um posicionamento oficial ao Terra da Gente sobre medidas que estão sendo adotadas para amenizar esses danos. Segundo o órgão, Ibama e ICMBio atuam com mais de 3 mil brigadistas distribuídos pelo país, que são mobilizados e deslocados a depender do cenário de incêndio nas regiões. Na semana passada, foi autorizada a contratação de mais brigadas temporários em 20 estados. No Pantanal, o trabalho dos bombeiros não termina no combate ao incêndio. Depois, ainda é preciso monitorar o local por um bom tempo Jornal Nacional/ Reprodução Eles forçam que no Pantanal, 907 funcionários do Governo Federal atuam no combate aos incêndios, apoiados por 16 aeronaves. Mais de 87% dos 112 incêndios registrados no bioma até 3 de setembro foram extintos ou estão controlados. Outras medidas como projetos de lei, MPs e liberação de recursos também foram autorizadas. Seca em todo o Brasil Pela primeira vez, a estiagem afeta o país inteiro. Em 2023, a perda de áreas naturais no Brasil atinge a marca de 33% do território, com o Pantanal sendo o bioma que mais queimou proporcionalmente, com 59% do território queimado pelo menos uma vez entre 1985 e 2023, segundo o MapBiomas. VÍDEO: cervo-do-pantanal é flagrado próximo a incêndio no Mato Grosso do Sul Embora os anos de 2019, 2020 e 2021 tenham registrado áreas queimadas acima da média, 2023 apresentou uma redução, mas ainda assim superior a 2022. O Pantanal possui uma área média queimada anualmente de 824.567 há/ano, cerca de 5,46% do bioma. Esses dados mostram que o fogo prevalece principalmente em áreas de vegetação nativa, como savanas, campos e florestas, o que reflete a complexidade das dinâmicas de incêndios no Brasil. Entre 1985 e 2023, 91,9% do fogo no período ocorreu em vegetação nativa e apenas 8,1% em área antrópica. Nas últimas semanas, uma manifestação mais evidente das queimadas e do clima árido afetou diversas regiões do país. Várias cidades ficaram envoltas em fumaça, que, de acordo com especialistas, teve origem nos incêndios florestais em áreas como a Amazônia e o Pantanal. Região de Campinas registrou dia 'cinzento' causado por queimadas na Amazônia Reprodução/EPTV Segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), o país como um todo também enfrenta a maior seca desde 1950. A estiagem tem afetado, de acordo com o órgão, todo a extensão do país, com exceção do Rio Grande do Sul. Marina Silva defendeu que o Congresso crie um marco regulatório de emergência climática. “Nós temos condição de fazer esse enfrentamento com os meios que dispomos sem que ele traga consequências? A reposta é: vamos ter que ampliar cada vez mais nossos esforços”, finaliza. A gente precisa falar do que tá acontecendo do mundo no dia a dia. [..] Todo mundo tem que entender que o meio ambiente não é uma pauta política, é uma pauta de sobrevivência *Texto sob supervisão de Lizzy Martins VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2024/09/07/pantanal-sera-que-ja-o-perdemos.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Top 10

top1
1. Deus Proverá

Gabriela Gomes

top2
2. Algo Novo

Kemuel, Lukas Agustinho

top3
3. Aquieta Minh'alma

Ministério Zoe

top4
4. A Casa É Sua

Casa Worship

top5
5. Ninguém explica Deus

Preto No Branco

top6
6. Deus de Promessas

Davi Sacer

top7
7. Caminho no Deserto

Soraya Moraes

top8
8.

Midian Lima

top9
9. Lugar Secreto

Gabriela Rocha

top10
10. A Vitória Chegou

Aurelina Dourado


Anunciantes